Nostradamus

Review: Bored_Cyrus | Data: 02/08/2008 | Última Revisão:

Ficha
Plataforma Adaptações/Outras versões Data de Lançamento
Arcade 1993
Desenvolvimento Publicação Classificação
Face Face Visão Superior / Rolagem Vertical
Multiplayer: Até 2 jogadores em modo cooperativo.
Review


Olhando para um game chamado “Nostradamus” (aquele famoso “profeta” do século XVI), o mais natural seria, talvez, pensar que se tratasse de um RPG ou um game de aventura. Mas, a não ser que eu esteja redigindo para o site errado, Nostradamus é, por mais estranho que pareça, um shoot-em-up de arcade. A Face, softhouse que desenvolveu alguns games para TurboGrafx-16 e arcades antes de — com o perdão do trocadilho — desaparecer da face da terra, provavelmente se impressionou tanto com as profecias sem pé nem cabeça do ilustre barbudo que resolveu homenageá-lo… com um game cheio de navezinhas, tiros e explosões.

Fora o nome e a introdução do game, que retrata aquela famosa “previsão” de Nostradamus interpretada por muitos como um anúncio do apocalipse para 1999 (já é 2008 e eu vou muito bem, obrigado), não há realmente nada neste game que lembre o homem que, juram alguns, anteviu da Segunda Guerra Mundial ao 11 de setembro. A não ser uma interpretação artística do seu belo rostinho na tela de introdução do game, mas isso é algo que você pode perfeitamente morrer sem ver. Se você está jogando sozinho, irá controlar a nave azul e encarnar o bravo Dalas, que aparece na tela de “Press Start” com um cigarrinho na boca, dando mau exemplo para a criançada (Lembre-se: Winners don’t use drugs.). Caso você esteja jogando com outra pessoa, esta irá controlar a nave vermelha com a bela Joana. As duas naves têm propriedades diferentes: a primeira atira rápido e seus tiros atingem uma porção maior da tela, embora sejam mais fracos; a segunda é lenta e os tiros cobrem uma área menor, mas são mais fortes.

Embora todos os shoot-em-ups sejam iguais aos olhos de alguém que não seja um fã do gênero, em uma boa parte dos casos há aquelas pequenas nuances no sistema de jogo que tornam cada caso um caso à parte. É lógico que nem sempre esses detalhes a mais ou a menos contribuem muita coisa para o jogo, o que é o caso de Nostradamus. A primeira característica notável deste game é que a jogabilidade é baseada em um único botão. Com este, você pode realizar três ataques: atirar, carregar o chamado E.B.A (“Energy Boost Acceleration”) ou soltar um ataque especial. O E.B.A é um detalhe particular de Nostradamus: se você coletar um certo power-up, um par de “asas” irá se conectar na sua nave. Tendo este item, você pode segurar o botão para carregar uma coluna de energia entre as asas, que então pode ser usada (desde que você mantenha o botão segurado) para absorver tiros ou detonar inimigos que entrarem em contato. Se você soltar o botão, irá lançar um ataque especial — existem dois tipos, Plasmic Wave e Phoenix Wave, depende do tipo de “asas” com a qual você está no momento.

O jogo tem um total de 9 estágios. Nostradamus veio antes de barragens de tiros se tornarem uma tendência entre shooters, então a maior dificuldade é desviar dos inimigos que se jogam contra você. Aliás, isto é um ponto no qual Nostradamus consegue ser muito chato: há muitos truques sujos que soam como métodos gratuitos para arrancar moedinhas dos jogadores, principalmente nas últimas fases. Claro, há uma linha muito tênue entre “truque sujo” e “desafio válido”, ainda mais quando falamos de shoot-em-ups. Mas prepare-se para enfrentar inimigos que simplesmente se teleportam para o seu lado do nada e te atropelam antes que você possa perceber o que se passa, chefes que lançam lasers na sua cara antes que você possa esboçar alguma reação, e a lista segue. Os chefes são terrivelmente resistentes e podem facilmente te deixar sem escapatória se você não tiver conhecimento prévio sobre o que vão fazer — ou seja, para terminar o game com uma quantidade razoável de créditos, é preciso ter memorizado as fases antes. Usar o E.B.A e os ataques especiais de forma correta é praticamente obrigatório. As fases tem alguns itens escondidos que dão bônus para sua pontuação, mas o score não se reseta quando você perde um continue, o que não colabora nem um pouco para o fator competitivo do game.

Nostradamus tem gráficos 2D agradáveis, mas não muito mais que isso. Cenários e sprites em geral são bem detalhados, e a Face até que se virou bem no quesito “efeitos especiais” (lembrando que estamos em 1993): é bacana ver uma fênix gigantesca se materializando e batendo suas asas quando você lança uma Phoenix Wave ou um raio gigantesco cruzando toda a extensão da tela quando você lança uma Plasmic Wave. Para um game com 9 fases, Nostradamus tem uma boa variedade de cenários: uma hora você está numa cidade submersa, outra está próximo a um cinturão de asteróides. Quanto à parte sonora, só vale dizer que é melhor manter o som desligado…

Diferentemente de Nostradamus (a pessoa), que é e provavelmente continuará sendo um popstar, Nostradamus (o game) foi enterrado pelo tempo e permaneceu um tanto desconhecido, sem adaptações para consoles. Até merecidamente, porque este não é um dos shooters mais atraentes para se jogar várias vezes. De qualquer maneira, se você não ligar para a dificuldade gratuita das últimas fases e para a foto horripilante do (há cinco séculos) finado profeta na tela de introdução, Nostradamus até vale uma partida ou duas no seu MAME.

Avaliação
Estrela CheiaEstrela CheiaEstrela CheiaEstrela VaziaEstrela Vazia
Screenshots

Curiosidades
Nota cultural: a tal “profecia”

O jogo faz uma breve referência na sequência de introdução (onde uma cidade é engolida por uma grande explosão) à data de julho de 1999. Isto é baseado em um trecho de uma das centúrias de Nostradamus:

Em 1999 e sete meses,
do céu virá um grande rei do terror.
Ressuscitará o grande rei D’ANGOLMOIS
Antes que Marte reine pela felicidade.

Nota: os textos de Nostradamus podem aparecer de formas diferentes. Isso porque nem todas as palavras que ele usou são claras e/ou têm um sentido literal, confundindo quem tenta traduzi-los e gerando interpretações diferentes. Não é à toa que uma das coisas que menos existem em se tratando de Nostradamus é consenso…

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