Mahou Daisakusen

Review: Bored_Cyrus | Data: 21/11/2008 | Última Revisão: 08/08/2011

Ficha
Nome alternativo: Sorcer Striker (Fora do Japão).
Plataforma Adaptações/Outras versões Data de Lançamento
Arcade FM Towns 05/1993
Desenvolvimento Publicação Classificação
Raizing Able (Japão), Raizing Visão Superior / Rolagem Vertical
Multiplayer: Até 2 jogadores em modo cooperativo.
Review


Antes de mais nada, esclarecimentos acerca do nome do game. Usarei o título japonês ao longo deste artigo por duas razões: primeiro, porque ele faz parte de uma espécie de série da Raizing, em que todos os games compartilham a palavra Mahou (“magia”, em japonês) em seus nomes originais. Os nomes ocidentais não seguem nenhum padrão, portanto você só julgaria se tratar de uma série pela temática ou se lesse em algum lugar. Segundo: Sorcer não existe na língua inglesa, Sorcerer (“mago”) sim! É pra essas e outras coisas que existem dicionários, mas parece que nem todos sabem disso…

Juntamente com a Cave, a Raizing foi responsável pelos shooters de Arcade mais bacanas a surgir na década de 90. E, tal como ela, seus shoot-em-ups ajudaram a restringir o gênero cada vez mais aos jogadores hardcore: não somente a quantidade de tiros começou a multiplicar de game para game, com chefes atacando em padrões cada vez mais intrincados e estágios que mais pareciam um passeio na Faixa de Gaza, mas as próprias mecânicas de jogo também passaram a adquirir níveis maiores de complexidade. Battle Garegga (1996), por exemplo, apresenta um dos sistemas mais inusitados já bolados para um shoot-em-up. O jogo variava radicalmente o nível de dificuldade conforme a sua performance: se você ficasse muito tempo vivo e coletasse muitos itens, a dificuldade atingia níveis praticamente impossíveis, o que fazia do suicídio — por mais estranho que soe — uma tática não só válida como recomendável! A idéia desse sistema, conhecido por entendidos do assunto como Rank System, não nasceu com Battle Garegga e nem morreu com ele, mas poucos jogos levaram essa idéia a níveis tão extremos. Assista qualquer vídeo de “superplay” do game e veja por si mesmo…

Personagens / Naves

Personagens e Naves

Mahou Daisakusen foi o primeiro game da Raizing e não traz grandes revoluções ao gênero, mas mostra um cuidado fantástico em relação aos detalhes gráficos e ao design dos estágios. A idéia básica é interessante: sim, você pilota uma nave (ou algo parecido com uma), mas seu inimigo é um exército de goblins, dragões, ogros e outras criaturas clichês de histórias medievais. Bem, talvez não tão clichês, porque estão armados com uma vasta gama de máquinas de alta tecnologia, que usam magia negra ao invés de balas e afins. Você têm quatro personagens para escolher: Gain, um guerreiro com cara de mau, cabelo de Anime e um macaquinho (!?) no ombro; Chitta, uma bruxa em busca de fama; Miyamoto, um dragão com cara de poucos amigos, que busca vingar seu mestre; e, por fim, Bornnam, um necromante com jeito de psicopata.

O que diferencia cada um dos personagens são as variedades de tiros disparados por suas respectivas naves. O método para melhorar o poder de seus tiros é o padrão, coletar ícones em formas de moedas “P“. Mas o que realmente faz o estrago aqui são suas armas auxiliares, que caminham fixamente ao lado de sua nave e disparam tiros diferentes, dependendo do power-up equipado. Há três espécies de armamentos disparados pelas armas auxiliares e você alterna entre um e outro ao pegar certos livros derrubados por alguns inimigos, distinguíveis pela cor: o livro “F” (verde), o livro “W” (azul) e “H” (vermelho). Como cada um desses power-ups dá armas distintas de personagem para personagem, temos um total de 12 armas diferentes, embora cada tipo de livro dê aos personagens armas com funções semelhantes. Por exemplo, o livro H produz ataques que têm em comum a capacidade de perseguir os inimigos ou mirar neles automaticamente. Todas as armas são eficientes, mas em determinadas ocasiões algumas serão mais eficientes — isso deixa as coisas interessantes, porque você estará sempre trocando entre uma e outra, aproveitando-se do fato de power-ups choverem neste game. Também vale comentar sobre as clássicas bombas especiais: embora sejam do mesmo tipo para todos os personagens, há uma quantidade consideravelmente grande delas espalhadas pelos estágios, e é sempre bom guardar um punhado para fazer a festa nos chefes.

Não é todo dia que alguém consegue inventar muito dentro das limitações do gênero, mas nem por isso existem somente meia dúzia de shoot-em-ups divertidos ou aproveitáveis. O que Mahou Daisakusen faz muito bem é compensar a falta de elementos inovadores na jogabilidade com estágios bem planejados e detalhados, que de uma forma ou de outra sempre prendem sua atenção, seja pelos detalhes no cenário, pela variedade de inimigos, ou pelos itens que aparecem aos montes. Depois de vencidas as restrições técnicas, surgiram muitos shoot-em-ups baseados totalmente (ou quase totalmente) em “desviar de Tsunamis de tiros”, mas neste game ainda há o desafio provocado por obstáculos físicos, como paredes ou plataformas que restringem seu movimento, ou mesmo inimigos que vão pra cima de você com o único intuito de te atropelar. Na terceira fase, por exemplo, você atravessa uma masmorra, e o movimento da tela obriga você a passar pelo meio dos corredores para não morrer esmagado.

A apresentação de Mahou Daisakusen não decepciona. Há uma variedade enorme de inimigos e as fases têm conceitos que eu só poderia chamar de criativos, ou ao menos insutiados. A quantidade de detalhes é bastante impressionante para um game de estréia, e felizmente todo este cuidado com os gráficos seria repetido nos shoot-em-ups seguintes da empresa. Vale destacar a segunda fase, um imenso navio voador cheio de goblins no convés e tanques espalhados para todos os lados, um dos vários delírios criativos da Raizing neste game. Aliás, falando em delírios criativos, um brinde à imaginação dos artistas que trabalharam em Mahou Daisakusen: confira as screenshots dos chefes lá embaixo e entenda o que eu digo. Quanto à parte sonora, nada demais a destacar: as músicas de fundo são bem genéricas. Talvez as que mais se sobressaiam sejam as das fases 1 e 2.

Depois de 2000, a Raizing praticamente perdeu seu interesse em continuar desenvolvendo shoot-em-ups, partindo então para um ramo bem mais lucrativo: desenvolver games baseados em franquias de Anime conhecidas, como Bleach, Naruto e Fate/Stay Night. Com essa mudança de rumos, o designer dos principais shoot-em-ups da empresa, Shinobu Yagawa, acabou partindo para a Cave (onde desenvolveu Ibara e Pink Sweets), sepultando as possibilidades da Raizing voltar a desenvolver para o gênero — pelo menos nos moldes de seus clássicos. De qualquer maneira, para qualquer um que quiser se aventurar pelo legado de shoot-em-ups da desenvolvedora, Mahou Daisakusen é um começo muito bom.

Avaliação
Estrela CheiaEstrela CheiaEstrela CheiaEstrela CheiaMeia Estrela
Screenshots

Curiosidades
Possível referência?
O nome da personagem Chitta talvez seja uma referência à Sheeta, uma personagem do clássico da animação japonesa Laputa: Castle in the Sky (“Tenkuu no Shiro Rapyuta“), de Hayao Miyazaki. O filme também se passa em um universo fantástico, onde os humanos alimentaram seu desejo de voar construindo cidades e fortalezas flutuantes, e parece ter inspirado os desenvolvedores da Raizing em algumas idéias. A palavra “Laputa”, que parece aquilo mesmo que você está pensando (e que justamente por isso obrigou os distribuidores do Estados Unidos, país onde grande parcela da população fala espanhol, a renomear o desenho) é o nome de uma ilha flutuante no clássico da literatura inglesa “As Viagens de Gulliver“. Castle in the Sky
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