Gradius

Review: Bored_Cyrus | Data: 02/08/2008 | Última Revisão: 30/07/2011

Ficha
Nome alternativo: Nemesis (Europa e Estados Unidos)
Plataforma Adaptações/Outras versões Data de Lançamento
Arcade Commodore C64, Game Boy, MSX, Microsoft Windows (Gradius Deluxe Pack), NEC PC 8801, Nintendo DS (Konami Classics Series – Arcade Hits) Nintendo Famicom, Nintendo Wii (Virtual Console), PC Engine, PSP (Gradius Collection), Sega Saturn (Gradius Deluxe Pack), Sharp X1, Sharp X68000, Sony Playstation (Gradius Deluxe Pack) 05/05/1985 (Japão)
Desenvolvimento Publicação Classificação
Konami Konami Visão Lateral / Rolagem Horizontal
Multiplayer: Até 2 jogadores, alternadamente.
Review

“Shoot the core!”

Mesmo na época de Gradius, ir ao espaço à bordo de uma navezinha de pixels e atirar contra alienígenas era uma tarefa que não impressionava mais ninguém. Pudera, já que desde Space Invaders (ou até mesmo antes, se cavarmos BEM fundo) essa foi uma das poucas missões delegadas aos gamers que visitavam as casas de Arcade. Mas não existe nada (ou quase nada) tão batido que não possa ser explorado de uma nova maneira: Gradius apostou em um sistema de jogo bastante criativo que o tornaram um shooter único entre os demais da época.

Considerado uma espécie de “evolução” do shoot-em-up Scramble, criado pela mesma Konami 4 anos antes, Gradius foi provavelmente o primeiro game a ter um sistema de power-ups realmente marcante, que inovava em dar liberdade para que o jogador customizasse sua nave com os armamentos que bem entendesse. Além disso, continuando a idéia apresentada por Scramble, as fases de Gradius apresentam visuais e desafios completamente distintos uma das outras: a dificuldade não progride simplesmente porque os inimigos aumentam em número ou habilidade, mas sim também porque os cenários começam a ter armadilhas e obstáculos cada vez mais engenhosos. Por mais prosaica que possa parecer a idéia agora, fases bem distintas umas das outras não eram lá muito comuns em games do início dos anos 80 — até por causa das limitações técnicas.

A jogabilidade é outro fator que chama atenção em Gradius: mesmo o sistema de power-ups do game sendo bastante diferente, a Konami conseguiu engenhosamente deixar os controles fáceis e agradáveis — como obrigatório em qualquer bom arcade. São dois palitos para qualquer um entender como tudo funciona e partir para a destruição desenfreada de alienígenas. Não é à toa que Gradius se tornou uma série bastante popular e de longevidade invejável, com adições a série continuando a ser lançadas mesmo duas décadas depois! Isso somado às várias outras adaptações e “spin-offs” tornam esta, provavelmente, a série de shoot-em-up mais conhecida fora do relativamente limitado círculo de fãs do gênero.

Power Meter

Power Meter

Em Gradius você assume o controle da poderosa nave espacial Vic Viper. O planeta Gradius está sob ataque da vilânica Bacterion Corps, e, naturalmente, o seu dever é invadir a base alienígena e destruí-la completamente. Sua Vic Viper tem à disposição um vasto arsenal de armas, mas você só poderá aproveitar todo esse poder usando corretamente o sistema de power-ups característico de Gradius.

Diferentemente da maioria dos shooters, onde você simplesmente pega pequenos ícones de power-up e estes aumentam sua força automaticamente, os power-ups de Gradius apenas servem para alterar uma barra que ocupa a extremidade inferior da tela. Esta barra está dividida em várias seções diferentes e cada seção representa um tipo de arma ou melhoramento diferente. A cada power-up coletado, a seção à direita da atual será iluminada. Caso o jogador aperte o primeiro botão, ele irá obter o melhoramento/arma correspondente à seção da barra atualmente iluminada. Parece complicado explicando assim, mas não é: jogando, você logo se verá pensando nas melhores combinações possíveis de suas armas. Mas o jogo também não facilita tanto assim e os melhoramentos mais poderosos estão lá no final da barra. A “Power Meter“, como ficou conhecida, contém os seguintes poderes nesta primeira versão de Gradius:

  • Speed Up – Aumenta a velocidade da Vic Viper. Você começa totalmente lerdo e certamente pegará esse poder algumas vezes para deixar a movimentação mais fácil. Por outro lado, uma nave muito rápida não é muito prática quando é preciso fazer movimentos cautelosos e sutis.
  • Missile – Só é preciso ser ativado uma vez. O missile é um pequeno míssil (oh!) que pode ser jogado manualmente com o terceiro botão. Ele só segue uma direção: para baixo, levemente inclinado para a direita. Útil para detonar alvos terrestres.
  • Double – Só é preciso ser ativado uma vez (a menos que você pegue o laser e queira voltar ao double). Garante à nave um tiro duplo: um raio segue em linha reta e outro vai na diagonal direita-cima.
  • Laser – Só é preciso ser ativado uma vez (a menos que você pegue o double e queira voltar ao laser). É talvez o ataque mais útil do jogo. O laser é pouco abrangente, só seguindo em linha reta, mas é capaz de atravessar inimigos, destruindo vários de uma vez. Muito útil em chefes também.
  • Multiple – São poucos os shooters depois de Gradius que não incorporaram a idéia do multiple ,renomeado de “option” nos games posteriores: uma navezinha de auxílio (na verdade, aqui é uma esfera laranja) que caminha próxima à nave e replica o tiro principal, aumentando seu poder de destruição e o alcance de seus ataques. Apesar da idéia ter aparecido antes, de certa forma (1942, por exemplo, tinha algo parecido), Gradius é o primeiro no qual as multiples são realmente flexíveis e permitem que você elabore diversas táticas sobre como manuseá-las. Além de atacar, elas também são úteis como proteção, desde que você saiba usá-las.
  • “?” – Escudo: duas estrelas caminham à frente da nave, protegendo dos ataques que vierem de frente. A cada ataque absorvido pelas estrelas, elas diminuem em tamanho até sumirem completamente. Não é tão eficaz quanto aparenta, mas o recurso pode salvar em situações difíceis.

Outro aspecto interessante de Gradius são seus chefes. Grande parte de seus corpos (ou fuselagens, se preferir) são invulneráveis, sendo que a única parte vulnerável é o núcleo. Ou seja, não basta apenas atirar no infeliz e desviar de seus ataques até detoná-lo: você precisa, de alguma forma, conseguir atingir seu pequeno “calcanhar de aquiles”, representado normalmente por uma esfera azul no centro. Essa parte nunca está desprotegida e normalmente você precisa destruir pequenas barreiras que o cobrem. O laser é particularmente útil na tarefa de destruir os chefes de Gradius.

Gradius tem um grau de dificuldade bastante alto e que, ao que parece, fica ainda mais alto dependendo da quantidade de power-ups equipados na sua nave. Em algumas situações a tela se torna, toda ela, uma zona mortal, e achar brechas é uma tarefa que exige raciocínio rápido e sangue frio nos controles. Alguma sorte também é recomendável. Obstáculos? Muitos, desde infames vulcões que lançam pedras à alta velocidade na tela inteira às estátuas “Moai” que cospem quantidades generosas de anéis de fogo. O que talvez irrite mais aos marinheiros-de-primeira-viagem é o fato de morrer significar voltar automaticamente para um determinado checkpoint da fase, fazendo deste um game bastante baseado em tentativa-e-erro. Essa filosofia é recorrente em vários shoot-em-ups horizontais, especialmente R-Type. Na versão original de Gradius, você volta ao início do game em caso de Game Over, mas a versão européia e americana (nomeada como Nemesis) é um pouco mais boazinha neste ponto e permite alguns continues.

Mesmo com todas as limitações da época, a Konami conseguiu dar uma espécie de identidade diferente a cada uma das fases. Afinal, como já foi dito, em Gradius não somente cada fase tem um desenho diferente e exige táticas diferentes para ser vencida, como também possui um visual único. Enquanto em uma você precisa atravessar uma base espacial repleta de plataformas e pedras obstruindo o caminho, na outra você enfrenta um vulcão e erupção, na outra entra dentro de um organismo vivo e por aí vai. Os cenários em geral são bem simples e uma boa parte dos sprites são reciclados em vários estágios. A maioria dos chefes de fim de fase, por exemplo, são a mesma nave, apenas com o poder melhorado. Mas estamos falando de um game de 1985, então Gradius não deixa de impressionar.

Além de ter gerado idéias que seriam copiadas à exaustão por inúmeros outros shooters, a Konami conseguiu criar um game que é ainda divertido, mesmo que bastante difícil, como poucos outros com mais de décadas de vida nas costas. Apesar de bastante simples em comparação aos demais da série, o desafio de Gradius continua elevadíssimo e vai certamente te provocar para algumas tentativas. Em tempo, para jogadores reclamões, a versão Vs. Gradius, lançada pela Nintendo graças ao sucesso da adaptação de Gradius para o NES, permite continues infinitos.

Avaliação
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Screenshots

Curiosidades
Origem do nome

Alguns atribuem a origem do nome “Gradius” à palavra “gladius”, o correspondente em latim para “espada” e que também daria origem à palavra “Gladiador”. Entretanto, isso nunca foi confirmado pela Konami. “Gradius” é aparentemente apenas um nome aleatório (e de boa sonoridade) que os produtores atribuíram ao planeta invadido pela Bacterion Corps na história do game, e a semelhança entre os termos é meramente coincidental.

Nota cultural: Moai

Moai

Curiosamente, fases envolvendo estátuas “Moai” se tornaram um elemento recorrente na série Gradius. Os monolitos realmente existem e foram construídos a partir de rochas vulcânicas. Estão localizados na Ilha da Páscoa, uma das ilhas habitadas mais isoladas do mundo, localizada 3600 quilômetros ao oeste da costa chilena. Embora ainda permaneçam um mistério para historiadores, que não contam com registros escritos locais, a teoria mais aceita acerca da origem das estátuas é a de que foram construídas por colonizadores polinésios, a maioria entre 1250-1500 d.C. A estátua mais alta mede 33 pés, ou quase 10 metros.

Jogo de tabuleiro

A Bandai lançou em territórios japoneses um jogo de tabuleiro baseado no game, em 1986.

Yu-Gi-Oh!

O popular RPG de cartas Yu-Gi-Oh!, que inclusive recebeu uma versão em Anime exibida no Brasil, extraiu de Gradius inspiração para algumas cartas: Gradius, Victory Viper XX03, Solar Flare Dragon, The Statue of Easter Island, B.E.S. Crystal Core e Boss Rush são alguns exemplos.

Bubble System

Gradius usava o Bubble System (algo como “sistema bolha”), um sistema de arcade desenvolvido pela Konami. Ele precisava estar em uma temperatura entre 40 e 50 graus celsius para funcionar, o que demorava algum tempo — por essa razão, os games que usavam o sistema exibiam um pequeno “timer” quando o Arcade era ligado. Poucos games o usaram e o sistema provou ser um fracasso. A Konami retomou o usual sistema de ROM posteriormente.

Trilha sonora

Dois álbuns com a trilha sonora de Gradius foram lançados em edições limitadas: um pela Alfa Records (Konami Game Music Vol.1, em 27/06/1986) e outro pela Apollon Music (Original Sound of Gradius, em 05/05/1987).

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