Guwange

Review: Bored_Cyrus | Data: 06/07/2009 | Última Revisão: 30/07/2011

Ficha
Plataforma Adaptações/Outras versões Data de Lançamento
Arcade i-mode*, EzWeb*, Yahoo Mobile* 1997 (Japão)
Desenvolvimento Publicação Classificação
Cave Atlus Co. Visão Superior / Rolagem Multi-Direcional
Multiplayer: Até 2 jogadores em modo cooperativo.

*Serviços de telefonia móvel e internet sem fio.

Review

É interessante que vários videogames japoneses se baseiem fortemente na própria História e na cultura da Terra do Sol Nascente. Agora, o que dizer quando um shoot-em-up consegue usar dessa temática sem apelar pro excesso de, digamos, “revisionismo histórico”, enfiando robôs gigantes e máquinas de guerra futurísticas dentro de um contexto de Japão Feudal, tal como em M.U.S.H.A ou Samurai Aces? Guwange é um shoot-em-up bastante singular dentro do acervo da Cave, sem deixar de lado as barragens inimagináveis de tiros coloridos e o ritmo de jogo imperdoável que ainda são marcas registradas da desenvolvedora.

Guwange marca o único momento em que a Cave resolveu experimentar com uma mecânica de shooters Run’n’Gun. Isto é, ao invés de voar, o personagem que você controla participa de toda a ação com os pés firmes no chão. A diferença é mais cosmética do que prática. A rolagem forçada da tela, extremamente comum em shoot-em-ups convencionais, foi mantida: você não controla a direção para onde a tela deve seguir, como em Ikari Warriors ou Pocky & Rocky, se limitando a seguir uma rota predeterminada. Isso, aliás, é parte da engenhosidade dos designers da Cave em gerar situações complicadas. Em determinados trechos nos estágios, você se verá limitado por certas barreiras do cenário, como paredes ou edificações, enquanto tenta desviar dos tiros. Esse elemento de dificuldade é, entretanto, equilibrado por outro fator: o game não permite que você morra espremido entre a tela e um obstáculo, como nos bons e velhos tempos de Super Mario World

São três personagens disponíveis para seleção no começo do jogo. Cada um difere na natureza dos tiros que dispara e no Shikigami que o acompanha, enquanto o ataque especial é igual para todos. O Shikigami é, aliás, outra das peculiaridades deste game, uma espécie de espírito que é ativado quando o botão de tiro é segurado e cujo movimento é controlado pelos botões direcionais, o que pode gerar uma certa confusão no começo. A utilidade de tais espíritos é variada: eles neutralizam temporariamente tiros inimigos com os quais entrarem em contato (dependendo do tempo de contato, os tiros se dissolvem), podem ser guiados para atacar alvos distantes e geram, em torno do jogador, uma aura que pode danificar alvos próximos. Saber manejar habilmente os Shikigami é essencial para conseguir bons resultados em Guwange, já que seus personagens só são capazes de atirar para frente. Isto cria um problema óbvio: o que fazer com os inimigos que vem por trás e pelos lados? Simples: estes só podem ser atacados usando os Shikigami. E tenha certeza que, lá pelas últimas fases (em um total de 6), o jogo vai exigir essa habilidade ao máximo.

O ponto alto do jogo é, mesmo, a apresentação. Os artistas visuais da Cave realizaram um ótimo trabalho em reconstruir uma ambientação de Japão Feudal, com a típica arquitetura japonesa de templos e casas feitos de madeira e papel. Além da riqueza de detalhes e da estranha perspectiva isométrica (a mesma de Final Fantasy Tactics, por exemplo), é impossível deixar de notar aqui que a Cave fez um excelente trabalho na confeccção dos seus inimigos, baseados no folclore japonês. Você não só luta contra guerreiros armados com lanças, carruagens, arqueiros e etc, mas sim contra uma infinidade de monstros, demônios e fantasmas. Alguns chefes são extremamente bizarros: o que dizer de uma aranha gigante com cabeça de gato ou de uma lagarta que parece ter caído no fermento? A trilha sonora e as sequências animadas particulares de cada personagem, desenhadas em estilo “anime”, também ajuda a reforçar a atmosfera de Japão Feudal de Guwange. Infelizmente, por alguma razão, o jogo nunca recebeu uma versão ocidental, então fica impossível para nós, não falantes de japonês, entender o que está escrito.

O sistema de pontuação de Guwange é centrado em um elemento chave: moedas. Inimigos derrubam moedas de acordo com uma barra de caveiras localizada no canto da tela, aumentada quando você ataca algum inimigo com o Shikigami. Se você destruir um inimigo com pelo menos 5 caveiras ativadas, moedas são derrubadas. Na luta contra chefes, as coisas funcionam de maneira um pouco diferente: ao perder certas quantidades de vida, eles derrubam moedas de acordo com a quantidade de tiros na tela, não importando a quantidade de caveiras. Moedas também são derrubadas se outras condições são atingidas: eliminando um tiro inimigo com o Shikigami; acertando um inimigo com pelo menos 5 caveiras cheias e com 1000 moedas no estoque; coletando power-ups. E agora entramos no real desafio do sistema pontuação do game: quanto maior seu estoque de moedas, mais valerá cada nova moeda coletada. O problema é que se você deixar a barra de caveiras se esgotar (elas vão sumindo se seu espírito não atingir nenhum inimigo durante um certo intervalo), dê adeus às suas moedas. Em suma, o esquema é mais ou menos como DoDonPachi: você precisa se preocupar em ficar vivo e não deixar a peteca cair, atacando com o Shikigami sempre que possível.

Guwange não é lá um dos shoot-em-ups mais acessíveis: mesmo que o gênero seja caracterizado quase sempre pela alta dificuldade, o jogo proporciona situações que, para o jogador não-hardcore (aquele que não fica 10 horas na frente de uma tela memorizando padrões), podem beirar ou passar do limite da frustração. Ser jogado contra uma avalanche de tiros e não ter como atirar contra os inimigos que o disparam, simplesmente porque seu personagem não vira para trás, não é exatamente o melhor convite de boas vindas para jogadores mais iniciados. É claro que isso é proposital, para forçar sua capacidade de manejar os Shikigamis.

Afinal de contas, como bem sabe a Cave, piedade é para casuais.

Avaliação
Estrela CheiaEstrela CheiaEstrela CheiaEstrela CheiaMeia Estrela
Screenshots

Curiosidades
Trilha sonora

A Cave lançou (30/12/2007) um álbum contendo a trilha sonora de Guwange (“Guwange / ESP Ra.De Original Soundtrack”), composta por Masahiro Kusonoki.

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