Zanac x Zanac

Review: Bored_Cyrus | Data: 16/12/2008 | Última Revisão: 31/07/2011

Ficha

Review

Lançado originalmente para o computador MSX, Zanac é um dos grandes clássicos de shoot-em-up. Além de ter estabelecido uma espécie de molde para todos os outros ótimos shooters que viriam a ser desenvolvidos pela Compile (fases caóticas, montes de inimigos, um cardápio extenso de armas, e otras cositas más), Zanac também tinha a qualidade de se reinventar conforme a performance do jogador, tornando tudo ainda mais imprevisível. Isto porque, dependendo do seu desempenho (o que também envolve a quantidade de tiros que você dispara!), o jogo ficava mais ou menos difícil, idéia que depois foi reaproveitada nos shooters insanos da Raizing. O game foi posteriormente adaptado para o NES e o MSX2, eliminando aquela rolagem de tela meio travada pelas limitações do MSX.

Zanac x Zanac é, basicamente, um dois em um: contém Zanac original em três modos de emulação diferentes (uma delas é uma versão especial com várias diferenças no jogo em si) e Zanac Neo, um game inédito. A vantagem de um pacote desta natureza ter sido lançado para o PlayStation é, obviamente, o fato de Zanac rodar “liso”, sem as travadas ocasionais que ocorriam em suas versões originais. Ambos games também trazem um modo Score Trial — onde você pode jogar as fases que já tiver terminado, com o intuito de conseguir a maior quantidade de pontos possível. Há a possibilidade de duas pessoas jogarem ao mesmo tempo, em modo cooperativo. Algo que definitivamente fez falta nos shooters anteriores da Compile.

Zanac Neo é exatamente o que Zanac teria sido se tivesse sido concebido em tempos “modernos”. A fórmula é praticamente a mesma: estágios longos, um monte de armas e a dificuldade ajustável conforme seu desempenho (e o nível de dificuldade escolhido no menu de opções). Além disso, o mais importante: caos. As fases parecem empurrar inimigos aleatoriamente contra você, e sua preocupação é simplesmente atirar contra tudo e todos, sem se preocupar muito em memorizar padrões ou etecéteras. A adição mais notável é um sistema de pontuação um pouco mais complexo que o game original, e parecido com o de DoDonPachi: destrua inimigos e outros elementos da tela para alimentar seu Combo. A pontuação que você obtém ao destruir as coisas é multiplicada dependendo desse Combo, mas deixe passar qualquer coisa sem destruir e volte à estaca zero.

Um detalhe interessante de Zanac Neo é uma seção no menu de opções onde ficam registradas suas realizações no game. Se você cumprir certas metas específicas (nada fáceis, como terminar o game sem morrer ou fechar o game 20 [sim, 20!] vezes seguidas), suas conquistas ficarão registradas em seu “perfil”. É uma forma primitiva do sistema de Achievements presente em todo santo game hoje em dia. Basicamente uma desculpa para manter os jogadores mais orgulhosos presos ao game, já que não há outras recompensas envolvidas que não a satisfação pessoal. Meio como completar um álbum de figurinhas… Estranhamente, o jogo não diz quais são as metas: você só descobre assim que completá-las, ou caso leia sobre elas em algum lugar.

Se em Zanac já havia uma boa variedade de armas, Zanac Neo leva isso a níveis ainda mais extremos: são quatro naves diferentes (sendo uma delas secreta), cada qual com oito tipos diferentes de armas que vão sendo trocados ao longo das fases, conforme os power-ups que você coleta. Ou seja, são 32 tipos de armas no total! A Compile praticamente esgotou todas as possibilidades de tiros, mísseis, raios e coisas explosivas em geral. Sério, só faltaram sabres de luz gigantes saindo da sua nave e retalhando as frotas inimigas (até que não seria má idéia…). Também é possível usar um ataque especial, o Charge Shot, muito útil para fazer Combos em grandes concentrações de inimigos.

Quinze anos separam o Zanac original de Zanac x Zanac. Claro que os videogames evoluíram muito neste tempo, o que deu à Compile a liberdade para encher estágios de Zanac Neo com ainda mais inimigos, tiros e coisas voando pela tela. O problema é que os cenários são irritantemente estáticos, formados por composições esquisita de objetos 3D pré-renderizados. O que isso quer dizer em português é que os gráficos estão longe de impressionar. A trilha sonora tenta trazer algum dèja vu para fãs de longa data, com alguns remixes de músicas do Zanac original. A partir de um certo momento, o jogo parte para algumas músicas mais genéricas, que não vão fazer diferença para ninguém. Nada que seja um atentado ao fator “diversão” do game, que é o que importa.

Lançar um game como Zanac x Zanac foi decididamente um passo arriscado, ou talvez um canto do cisne, para uma softhouse que já estava praticamente a um passo da bancarrota. Menos de um ano depois, em 2002, a Compile declarou falência, depois de ter passado boa parte de sua última década criando os games de puzzle da série Puyo Puyo. Shoot-em-ups já haviam adquirido um certo status de “gênero-nicho”, apostando em níveis de dificuldade ainda mais extremos e mecânicas de pontuação complexas para fomentar competições entre jogadores hardcore. Ou seja, se distanciando bastante da fórmula simples que caracterizava os clássicos shoot-em-ups da Compile. Zanac x Zanac segue a inabalável filosofia de que, às vezes, menos é mais, o que faz dele um passatempo interessante até aos mais iniciados. Como nos bons e velhos tempos.

Avaliação

Screenshots

Dicas / Segredos

Nave secreta (Zanac Neo)

Em Zanac Neo, há duas maneiras de destravar a nave secreta FC-Custom (é a nave do Zanac original)

1) Na tela de seleção de naves, faça a sequência: Esquerda + Esquerda + Cima + Cima + L1 + R1 + L1 + R1 + L2 + R2.
2) Salve dados do Zanac original (não precisa jogar), e então crie um arquivo no Zanac Neo. Depois, jogue 20 partidas usando ele.

O FC-Custom não pode usar tiro carregado e alguma das armas secundárias têm uso limitado.