Tyrian

Review: Bored_Cyrus | Publicação original: Fórum Retrobits
Data: 02/08/2008 | Última Revisão: 11/08/2011

Ficha

Review

Criado e lançado em terras do Tio Sam, Tyrian é um shooter um tanto obscuro agora, mas bastante interessante. Tyrian foi desenvolvido para o velho sistema operacional MS-DOS (um dos poucos do gênero a fazer isso) e divulgado através de sharewares e coisas do gênero. O jogo teve várias versões diferentes ao longo dos anos e até mesmo uma adapatação para o Game Boy Advance entrou em produção, apesar de nunca chegar a ser finalizada. O que é uma pena, pois, mesmo que à primeira vista não pareça (muito do game é inspirado no clássico shooter Zanac), Tyrian tem vários diferenciais em relação aos shooters de arcade: uma variedade grande de modos de jogo, dezenas de fases, estágios e opções extras escondidos, e — o principal — uma história que é contada aos poucos no desenrolar do game.

A história se passa no distante ano de 20,031. Você encarna o talentoso piloto Trent Hawkins, empregado para patrulhar localizações habitáveis em planetas terraformados, isso é, planetas que tiveram seus ambientes artificialmente manipulados para simular as condições de vida da Terra. Sua mais recente missão o trouxe ao planeta Tyrian, que faz fronteira com o território de uma raça chamada Hazudra, formada por seres com aparência de lagarto. Buce Quesillac, um destes seres e amigo próximo de Trent, sofre um atentado e acaba morto pelas costas por um atirador desconhecido. Em seu leito de morte, Buce revela a Trent que sua morte fora planejada pela Microsol (notar o “sutil” trocadilho com a gigante de Bill Gates), uma corporação poderosa responsável pelo processo de terraformação de Tyrian. Buce sabia demais: ele tinha conhecimento do Gravitium, um mineral com a perigosa propriedade de controlar a gravidade, tão raro que só pode ser encontrado no planeta Tyrian.

O Gravitium logo despertou o interese da Microsol. Se eles fossem capazes de manipular o mineral e inseri-lo dentro de suas naves, formariam um exército indestrutível. Temerosos de que o segredo se espalhe, a organização passa a tramar o assassinato de qualquer um com conhecimento do Gravitium. Trent descobre que é o próximo, e, seguindo o conselho de Buce, parte para Savara, um planeta livre. Com o desenrolar do game, que é composto por quatro capítulos (o quinto e último foi lançado na versão Tyrian 2000), Trent se une a corporação Gencore e passa a investir contra todos as forças da Microsol, acumulando desafetos e participando de missões suicidas.

Há basicamente dois modos de jogo: Full Story e Arcade. Cada um tem a possibilidade de ser jogado em três dificuldades principais, Easy/Medium/Hard, isso sem mencionar que você pode configurar a velocidade de cada estágio pelo menu de opções (existe do modo mais lesma até o supersônico). Existem também níveis ainda mais difíceis, mas escondidos, além de algumas fases escondidas aqui e ali que só podem ser acessadas se você coletar certos itens.

O game tem uma quantidade nada humilde fases, que passam de 60 e são razoavelmente curtas. Nem todas possuem chefes e, quando possuem, eles não são lá grande coisa. Você não morre automaticamente se for atingido por um único tiro, como seria normal para um shoot-em-up, o que muitas vezes (pelo menos nos níveis mais fáceis) té dá a escolher de não precisar desviar. O problema mesmo são os obstáculos e os inimigos — estes parecem querer brincar de futebol americano com você, sempre se jogando contra sua pobre nave e podendo facilmente causar um belo estrago se você não souber desviar ou destrui-los de forma eficiente. Quanto à jogabilidade, Tyrian tem um problema: você precisa administrar um número de comandos um pouco maior que o normal para um shoot-em-up e a configuração original das teclas é capaz de fazer qualquer um se atrapalhar — ao menos é possível trocá-la e o jogo permite autofire, isso é, você não precisa ficar apertando o botão seguidamente para atirar. Você precisará dos direcionais (é claro), tecla de tiro, uma tecla para o disparo do sidekick esquerdo e outro para o direito. Aliás, você pode até mesmo usar o mouse para movimentar sua nave, o que é bastante inusitado para um shoot-em-up.

A graça do game está no Full Story Mode. Neste modo, você acompanha o desenrolar da história a partir do momento em que Trent tenta escapar do seu planeta. Como se trata de um “modo história” e dada a extensão grande do game, coisas que não são muito comuns em shooters, você pode salvar seu progresso para continuar mais tarde. Neste modo, durante o intervalo entre cada fase, você poderá acessar uma opção chamada Data. Nela você poderá ler mensagens pelas quais diversos personagens da trama, sejam aliados ou inimigos, enviam informações, ordens e até mesmo provocações. No término de cada fase, mensagens novas vão chegando e localizando você na história do game. Você também poderá receber Data com boas dicas. Entretanto, como também acontece na vida real, você frequentemente será entulhado por coisas inúteis, incluindo propaganda! Disso se tira a conclusão que, mesmo após 180 séculos, os sistemas anti-spam continuarão a mesma porcaria…

Outro detalhe importante do Full Story Mode é a seção Upgrade Ship, que também pode ser acessada no intervalo das fases. Aqui, você poderá atualizar diversas partes da sua nave, comprar outras peças ou até mesmo comprar outro tipo de nave. A cada fase passada o catálogo de itens disponíveis é trocado, mas você sempre poderá atualizar o que já estiver na sua nave. Cada arma primária ou secundária possui até 10 níveis de poder e atualizar um nível, logicamente, vai ficando cada vez mais custoso. São muitas as armas e componentes disponíveis no game, possibilitando inúmeras opções e combinações diferentes. O interessante é que nem sempre a arma mais cara é a mais eficiente em uma determinada fase, e você talvez se verá trocando para uma mais barata de vez em quando.

Já no modo Arcade, Tyrian pode — olhe só — ser jogado em formato Arcade. Isso significa que as fases são jogadas na mesma sequência do Full Story Mode, mas não há a opção Data ou Upgrade Ship. Você tem uma nave mediana e deve prosseguir com ela até o final. Outra diferença é o fato de você ter várias vidas. Ao morrer, uma vida será reduzida do estoque, mas você poderá continuar do ponto onde parou, diferentemente do modo Full Story Mode. Como não há opção de “comprar” os armamentos de sua nave, você os obtém e melhora pelo método tradicional: power-ups. Há também um modo arcade de multiplayer cooperativo para dois jogadores, perfeito para quem não está só nesse mundo. Neste modo, os dois jogadores poderão controlar as naves Dragonhead e Dragonwing, que podem se unir e formar uma única nave: Steel Dragon™.

Tyrian tem gráficos VGA bonitos, coloridos e limpos — não há excesso de detalhes nos cenários ou sprites, mas também não há falta. Os mapa são variados e o jogo se vira bem para não deixar que nada fique repetitivo: você cruzará uma quantidade enorme de localidades e ambientes diferentes, como florestas, bases espaciais, desertos e planetas inóspitos. Tyrian também chama atenção por apresentar coisas bem nonsense às vezes: você acabará topando com coisas como armas de cachorro-quente, naves em forma de cenoura, um chefe narigudo, entre outras coisas estranhas. O único defeito da parte gráfica são as animações dos chefes, que se movem de uma forma totalmente deselegante, como se fossem blocos de pedra estáticos indo de um lado para o outro da tela. A parte sonora de Tyrian é um atrativo à parte. O game tem músicas memoráveis e que combinam muito bem com a ação dos estágios: algumas são mais sombrias (quando você entra num planeta inóspito), outras soam como Rock (quando o clima é de “aventura”) e algumas outras são mais calmas (quando você está no espaço). Enfim, nunca fui bom em explicar música e essa não vai ser a primeira vez. Só sei que até hoje não consegui tirar a musiquinha da primeira fase da minha cabeça…

No mais, Tyrian pode não ser o shooter mais inovador do mundo em termos de jogabilidade e, com certeza, nem o mais desafiador, mas a atenção dada pelos desenvolvedores para detalhes que são normalmente negligenciados em um shoot-em-up (como a possibilidade de se contar uma história) e a grande variedade de modos e opções extras garantem a este game um charme bem próprio. Por último, mas não menos importante: Tyrian foi liberado como freeware pelos seus próprios autores e, portanto, sua versão completa é facilmente encontrável na Internet. Ainda bem que as melhores coisas da vida são de graça…

Avaliação

Screenshots

Curiosidades

Ambigrama

O logotipo de Tyrian é um ambigrama. Isso é, se você o virar em 180 graus, ele continuará da mesma forma:

Versões

Tyrian foi inicialmente lançado com três episódios e, na segunda versão, com quatro. Tyrian 2000 foi lançado em 1999, com compatibilidade ao Windows, um quinto episódio e alguns problemas com bugs resolvidos.

Versões para Game Boy Color e Game Boy Advance de Tyrian estavam sendo desenvolvidas, mas problemas com a publicação dos games cancelaram o projeto. É possível encontrar essas versões na forma de Roms jogáveis na Internet.

Em fevereiro de 2007, um grupo de programadores teve a licença para acessar o código fonte original do game em Pascal e reprogramá-lo em C. O projeto “opensource”, válido sob a GNU Public License, se chama OpenTyrian.

História da Produção

Tyrian foi desenvolvido por um total de 11 pessoas, sendo três os responsáveis principais pelo game: Alexander Brandon trabalhou como compositor e escritor, Jason Emery como programador e desenhista das fases, e Daniel Cook trabalhou na arte. Tyrian foi o primeiro game comercial dos três.

Em 1991, Jason Emery mostrou a Alexander Brandon um protótipo de game com rolagem vertical do plano de fundo. Os dois continuaram desenvolvendo o game e decidiram mostrá-lo para alguma companhia de publicação de games. Brandon escreveu um documento de proposta e o enviou para a Epic MegaGames e Apogee, na época grandes publicadoras de games shareware. Nenhuma das duas mostrou muita excitação, até porque o game não tinha som e os gráficos “definitivamente não eram profissionais”, mas mostraram interesse.

Os dois acreditavam que nunca encontrariam um publicador, mas, após uma longa espera, Robert Allen, da Safari Software, achou que Tyrian se encaixava na proposta de sua empresa, que ajudava projetos menores. Robert Allen ouviu de Cliff Bleszinki (famoso por trabalhar na série Unreal e no game Gears of War) que Tyrian era bem similar a Zanac.

Robert Allen conseguiu artistas e engenheiros de som. Bruce Hsu criou os gráficos da interface e as faces dos personagens. O artista gráfico Daniel Cook foi contratado depois que Alexander Brandon se interessou por seu trabalho, mostrado por um amigo de Cook, sem seu conhecimento. Depois de receber uma lista de fases, Cook criou artworks de amostra em um computador Amiga 1200. Seu trabalho foi apreciado pelos outros desenvolvedores do game, que pediram para ele fazer mais. Todo o trabalho de arte foi completado em quatro meses.

Arturo Sinclair da Storm Front Studios colaborou com gráficos renderizados de planetas e faces dos personagens. Os desenvolvedores queriam uma interface “simples e divertida”, trocando-a pelo menos três vezes antes de chegar a uma versão final. Tyrian estava quase completo, com Mark Hein cuidado do plano de marketing. Tim Sweeney, fundador da Epic Games, informou aos desenvolvedores do game que Tyrian seria lançado pela Epic MegaGames, o que aconteceu em 1995.

Dicas / Segredos

Mais níveis de dificuldade

Tyrian está muito fácil para você? Tente os níveis de dificuldade secretos, fazendo um dos procedimentos abaixo.

Modos Super Arcade

Os modos Super Arcade são alguns modos escondidos de Tyrian e podem ser acessados se determinadas palavras forem digitadas na tela principal. Funcionam basicamente como o Arcade (você não pode acessar Data nem Upgrade Ship no intervalo entre as fases), mas há diferenças: não há Rear Weapons (armas secundárias), e pressionar qualquer um dos dois botões de disparo do sidekick atira com a arma especial. A arma especial necessita de tempo para ser carregada após o tiro, tempo este que varia de arma para arma. Pressionando Enter, você troca de uma arma especial para outra — existem dois tipos diferentes de arma especial em cada modo.

Wild Detail

No setup do game, aperte a tecla W quando seu cursor estiver em Detail Mode.

Mini-Game “Destruct”

Existe um mini-jogo incluído dentro de Tyrian, acessível por um truque. Digite “destruct” (sem aspas) no menu inicial.

Links

Fã-Site (Em inglês)

Site não-oficial, com muitas informações e recursos sobre o game.

Repositório Oficial (Em inglês)

Repositório oficial de Tyrian.

Artigo de Tyrian no Wikipedia em inglês

A história de produção do game é uma tradução livre desta página. Link visualizado em 03/02/2008.